O gato que vive em nós
Acabei de ver uma postagem de uma amiga no Face com uma foto do seu gatinho brincando com um tênis dela. No comentário ela escreveu algo assim: “quase não tem brinquedo essa criança, e resolve brincar com meu tênis”.
Eu também tenho gatos. Dois gatos, o Gary e a Nina. Tenho contato com animais desde a infância. Minha mãe sempre teve gatos e cachorros, mas especialmente os gatos sempre me chamaram mais atenção.
Gato é assim, você vai no petshop se encanta com o brinquedo mais top que tem lá, compra, paga caro, e eles brincam com caixa de sapato vazia, saquinhos, cadarços, bolinhas de papel feitas com papel de pão, seu tênis (risos), mas aquele brinquedo caríssimo ele nem dá bola.
Essa postagem dessa amiga me levou a refletir sobre nós humanos e me inspirou a escrever esse texto. Já reparou quantas oportunidades nós deixamos passar na vida por conta das crenças enraizadas em nós sobre o que devemos ser e ter?
As escolhas que você faz e fez, são escolhas norteadas pela sua essência? Você sabe quem você é em essência?
Somos o tempo todo bombardeados pela cultura do ter. Somos estimulados a ter. O carro do ano, o melhor celular, uma casa maravilhosa em um bairro maravilhoso, um cargo executivo, um salário mais alto, e mais alto, e mais alto…uma faculdade, uma pós, um MBA e por aí vai…
Esses são os “brinquedos” que nós, seres humanos, estamos acostumados a brincar e valorizar. Mas será que é isso que vai nos trazer felicidade e plenitude?
Estou a cada dia mais convencida que não, e a cada dia busco meios de me aquietar e entrar em contato com minha essência, com aquilo que é natural em mim.
Observe a natureza. Uma árvore frutífera, independente de onde ela estiver, se num lindo e ostensivo jardim ou no meio de uma mata, ela dará seus frutos. Ninguém convenceu a árvore de que ela precisa estar nesse ou naquele ambiente para ser árvore. Ela simplesmente é o que veio pra ser.
Quando deixamos a infância e começamos a ter a plena consciência de nossa individualidade, já estamos muito contaminados com a cultura do ter, e também do que se deve ou não se deve ser, e aí, nos perdemos de quem somos de verdade, e construímos nosso ego com base em tudo que aprendemos até então, e em tudo que aprenderemos ao longo de nossas vidas.
Essa é só uma de minhas reflexões sobre uma sociedade que está doente, e que ficará cada vez mais enquanto não acordar desse pesadelo que nos diz que, para sermos alguém precisamos ter, e precisamos seguir as regras e o passo a passo do que significa ser uma pessoa de sucesso.
É preciso questionar cada escolha, cada caminho. É preciso descontruir tudo que nos foi ensinado e passar a fazer escolhas mais conscientes, mais baseadas na necessidade e menos no desejo ou no padrão imposto.
Eu?…eu estou buscando o caminho dos gatos…
Um beijo e muita luz na sua jornada.