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Home 2018 julho 17 Um mês pós retiro Vipassana – Relatos da minha experiência

Um mês pós retiro Vipassana – Relatos da minha experiência

Silvia Cavalaro 17/07/2018 Comente! Uncategorized

Hoje, dia 17/07/18, faz um mês que voltei do retiro Vipassana. Desde então, minha rotina de prática meditativa foi alterada para uma hora pela manhã e uma hora a noite. Muito desafiador!

Vipassana significa ver as coisas como elas são. Em um retiro como esse, onde se passa dez dias em silêncio, sem ler, escrever, falar, e com a recomendação de evitar contato visual, você passa a realmente ver as coisas como elas são. Me refiro as coisas dentro de você. Toda dor física aparece, o que você já tinha e o que não tinha. E foi muita dor física! Dores fortes, fracas, de todo tipo. Então você precisa aprender a lidar com a dor, sem aversão, sem desejo por um estado físico sem dor.  Eu sempre olhava para as pessoas na penumbra da sala de meditação e pensava, será que elas também sentem essas dores? Ao final, descobri que sim. Humanidade compartilhada.

Resolvi escrever sobre Vipassana somente agora, porque quis deixar a “poeira” baixar. Voltei de lá de uma forma muito diferente, passei por processos muito transformadores, e queria esperar para ver como estaria me sentindo em pelo menos um mês pós retiro. Continuo com a mesma sensação de quando cheguei de Vipassana, a sensação de que não há mais nada para buscar. Já encontrei tudo.

Nasci uma buscadora, sempre intensa nas minhas buscas, sempre fui fundo em tudo que fiz para buscar me transformar como (ou seria em?) ser humano. Acredito que é para isso que estamos aqui, aprendermos a sermos de fato seres humanos.  Vipassana atingiu minhas entranhas. O professor nos fala que é como uma cirurgia na mente, e é exatamente assim que me sinto. É como se tivesse enfim mergulhado em um oceano e encontrado “coisas” profundas que eu sabia que existiam, após passar anos encontrando “coisas” na superfície.

Meditar não é uma “coisa” fácil. Medito há quase três anos, e ainda passo por inúmeros desafios. Meditar por mais de 10 horas como fazíamos lá, era realmente muito, muito desafiador.

Tive contato com todo tipo de privação. Fome, frio, muito sono (meu maior desafio), dor. É importante dizer que senti fome porque sou comilona, e porque estava muito frio. Não falta comida não, e nas refeições é permitido comer a vontade. Só não tínhamos refeição a noite. Nossa última refeição era às 17:00, e apenas frutas.

Me sentia com o estado emocional bem equilibrado, mas ainda assim muitas vezes tive vontade de fugir. Chorar foram apenas duas vezes, uma de dor física, e outra de gratidão, no último dia. Até o quarto dia, no cair da tarde, tinha uma angústia, uma vontade enorme de estar em casa, uma saudade daqueles que me são caros. Aos poucos, ao aprender a observar as sensações com profundidade, a angústia deu lugar a um sentimento de gratidão muito profundo. A avidez e a aversão deixaram de me visitar aos finais de tarde.

Acordávamos às 4:00 da manhã, íamos dormir às 21:30. Tínhamos atividades o dia todo, e alguns momentos de descanso. As atividades? Meditação. Observar tudo o que se apresenta (sensações) da forma como é para desenvolver as seguintes “habilidades”: consciência e equanimidade. Ser equânime significa não reagir de forma aversiva e nem desejosa, ou seja, se libertar do apego.

O mecanismo mental de apego fica muito evidente lá! É como se colocassem um zoom nos processos mentais, tudo fico muito a mostra. Você se vê por inteiro, sombras e luzes, a intensidade, o movimento, a natureza de cada sombra, de cada luz. Todos os mecanismos do ego. Um dia eu dizia a mim mesma: pronto, você pegou o jeito, agora sabe como lidar com todos os desconfortos. Isso acontecia quando vivia meditações incríveis, expansão de consciência a um nível arrebatador, então minha mente dizia, pronto, pegou o jeito!

No outro dia, uma dor insuportável que tomava conta de tudo, uma dificuldade absurda de conseguir meditar, vinha a mente e dizia, você não aprendeu ainda!

Olha o mecanismo de aversão e avidez bem as claras! Isso acontecia o tempo todo.

Me sentia como numa montanha russa, em alguns momentos convencida de que estava tudo sob controle, e em outros totalmente consciente de que não controlamos absolutamente nada.

Anicca (pronuncia-se Anitcha), ou seja, a impermanência. Tudo é impermanente. Essa é a principal lição do retiro, mas não aprendemos isso de forma intelectual, não somente. Para aprender sobre impermanência, nada como se sentar para meditar mais de dez horas por dia por dez dias, é a experiência direta que ensina. Aí sim você tem clareza do que significa impermanência. Assim como tem clareza do que significa o sofrimento, e que sofrimento é uma condição da mente e quando você aprende não no nível intelectual, mas no nível mais profundo do seu ser, as causas do sofrimento (aversão e avidez), e aprende um caminho para não manifestar o sofrimento, é tão maravilhoso, tão maravilhoso (como diria Goenka, nosso professor).

Não se trata de mágica, e Vipassana não te livra das vicissitudes da vida. Quem faz um retiro como esse não vira um ser especial que não terá mais dificuldades.  Vipassana te ensina um caminho para se libertar das manifestações da mente que causam o sofrimento, mas lá você aprende o caminho, experimenta e trilha uma parte desse caminho de forma intensiva e profunda, e depois é preciso continuar sua  jornada de libertação do sofrimento.

Muitas coisas mudaram de lá pra cá. Me vejo as vezes em determinadas situações com atitudes muito diferentes, situações em que eu costumava manifestar reações de aversão ou avidez e que agora não aparecem,  olho para mim mesma e sorrio com algum estranhamento, mas sei que essa é só uma pequena parte do iceberg,  e que  agora, após mergulhar no oceano do meu ser, consigo enxergar. Posso dizer que iluminei os próximos 10 metros, e há muito a desvendar e tomar consciência. É trabalho de uma existência.

E todos os dias quando minha resistência bate forte e me diz: você vai fazer isso pelo resto da vida? Meditar de manhã e a noite por uma hora pelo resto da vida? Respondo a ela meu mantra: não existe resto da vida, existe hoje, existe agora, e agora sim, vamos praticar por uma hora.

Se eu puder dar um “conselho” para quem se inspirar a fazer Vipassana é: se tiver mais de 30 anos, uns meses antes, pratique atividades que fortaleçam principalmente a sua região abdominal e lombar. Se você tiver algum problema ortopédico (tenho uma coleção), não desista de ir por isso, apenas fortaleça o seu corpo.

Esse texto é apenas um relato da minha experiência, a minha forma de olhar, o meu jeito de perceber.  A experiência é pessoal e intrasferível. Apesar de todas as dificuldades, para mim, valeu cada segundo.

Nosso professor nos disse algumas vezes: “dê uma chance a prática, você não precisa acreditar no que eu digo, apenas vivencie, trabalhe com aplicação à prática durante esses dez dias, e então tire suas próprias conclusões”.

Que todos os seres sejam felizes, encontrem a paz e vivam em harmonia. Que todos os seres se libertem do sofrimento. (Meditação Metta Bhavana)

Leitura focada

Sobre Silvia Cavalaro

Coach, publicitária e apaixonada por felinos. Mãe de dois gatos, dona de casa, esposa e mulher. Acredito que estamos aqui para ajudar o mundo a evoluir, e para isso, acredito que devemos investir na nossa própria evolução. Desenvolvimento pessoal é meu mantra. Desenvolvimento humano, minha missão.

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Sobre a autora

Missão: Acolher as necessidades, respeitar os limites e dar o meu melhor dentro das minhas possibilidades. Em pequenos e sustentáveis passos, ajudar cada ser humano a aflorar em si a capacidade de agir.

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